terça-feira, 13 de novembro de 2007

Projeto do Estágio de Regência( Angélica Dourado Colpo & Danilo Pereira da Rocha)

JUSTIFICATIVA


Para concretizar este projeto, foi efetivado o estágio de observação, nos dias 1, 2 e 5 de outubro na sala do grupo três, crianças de três anos, da Creche Mãe Du (Ibititá) – onde será realizado o estágio - com objetivo de conhecer suas especificidades, sua dinâmica e assim poder selecionar possíveis temáticas e metodologias para este projeto de regência.

A turma possui 25 alunos, sendo 11 meninas e 14 meninos. Apesar de a creche ter um espaço externo amplo, com jardim, brinquedoteca, que no momento não tem brinquedos, quadra para atividades físicas, a salas de aula tem um espaço muito limitado, o que compromete a realização de algumas atividades.

No primeiro dia da observação deparamos com um fato que nos instigou a reflexão de como as pequenas ações do cotidiano pode acarretar em atos preconceituosos. A professora pediu para as crianças que dessem as mãos para brincarem de roda. Pórem uma aluna recusou-se a dar a mão a um colega, reclamando que na mão dele, ela não seguraria. O colega era negro e suas roupas estavam maltrapilhas.

Este fato nos fez observar mais atentamente as ações dos alunos, e percebemos quanto o preconceito étnico e econômico esta enraizada em alguns alunos daquela turma. Partindo do contexto observado, traremos como proposta de trabalho a temática respeito à diversidade.

Portanto, o contato com esta temática proporcionará aos alunos conhecimentos sobre o conceito de diversidade, possibilitando meios para que possam compreender as diferenças, podendo então respeitá-las.


OBJETIVOS


Objetivo Geral

*Promover o desenvolvimento de atitudes de respeito à diversidade

Objetivos Específicos dos Estagiários

*Possibilitar situações de comunicação oral, onde os alunos possam interagir expressar desejos e sentimentos;
*Promover situações de aprendizagens significativas;
*Promover a interação estagiários-alunos, aluno-aluno, comunidade-aluno;

Objetivos Específicos para os Alunos

*Respeitar as diferenças individuais;
*Respeitar regra de convivência social;
*Participar das atividades propostas pelos estagiários;
*Expressar-se através da linguagem oral e da linguagem dos desenhos;
*Brincar;

Objetivo de pesquisa

*Compreender como a educação pode contribuir no desenvolvimento de atitudes de respeito à diversidade



FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA


No momento em que as crianças chegam à escola, atitudes preconceituosas freqüentemente já estão se desenvolvendo. Crianças bem pequenas aprendem a distinguir membros de diferentes grupos. Podem também desenvolver idéias estereotipadas de como são os membros de grupos diferentes, desenvolverem simpatias ou antipatias por alguns grupos, e aprender a agir diferentemente em relação a membros daquele grupo: podem adquirir preconceitos.

Durante seu processo inicial de socialização as crianças aprendem a fazer avaliações, estas se vinculam aos rótulos apesar das crianças terem pouca idéia de que o rótulo significa. Allport (apud, STROMMEN, 1986) chama isso de aprendizagem pré-generalizada porque as avaliações precedem à compreensão clara daquilo que o rótulo significa. Através da aprendizagem pré-generalizada, as crianças são frequentemente instruídas a ter sentimentos negativos a respeito do rótulo uma vez aprendido.

Strommen identifica duas formas de preconceito: o endêmico e o patológico. Preconceito endêmico se refere às atitudes preconceituosas que são amplamente sustentadas e tomadas como certas por qualquer grupo de pessoas. As crianças que crescem no contexto de preconceito endêmico aprendem atitudes preconceituosas assim como aprendem uma quantidade de outras atitudes; tal aprendizagem é, com efeito, parte da socialização em sua cultura. Assim, as crianças podem nem ter consciência de como adotaram as medidas endêmicas.

O preconceito patológico se refere às atitudes preconceituosas que são parte de uma estrutura da personalidade individual. Essas não são apenas atitudes isoladas que o individuo aprendeu e pode desaprender, mas sim parte integral de uma rede muito mais ampla de atitudes e atributos de personalidade. As crianças preconceituosas já mostram muitos atributos autoritários. Estas crianças provavelmente rejeitarão qualquer coisa que acreditem ser fraca ou diferente; e pareceram amedrontadas e desconfiadas dos outros e carecem de confiança nelas próprias.

Tendo em mente que a sala de aula é uma grande rede de interações sociais e que essas têm forte influência na construção dos preconceitos, mas também pode influenciar na redução e/ou eliminação destes. Desta forma, a escola tem papel fundamental porque nela acontecem interações dirigidas por intermédio do professor para o desenvolvimento da criança.

Eliane Cavalleiro revela a difícil situação das crianças negras nos anos iniciais da escolaridade. Segundo ela, as crianças pequenas desde cedo interiorizam idéias preconceituosas que incluem a cor da pele como elemento definidor das qualidades pessoais. Fazendo par com essa injustiça os professores ou não sabem lidar com o problema e se calam ou ajudam a discriminar com ações, palavras e atitudes. Mas, esta relação professor e aluno devem ser construídos por uma rede de ricas interações onde cada um, a sua maneira, possa dar sua contribuição, recebendo apoio e ajuda para se desenvolver e aprender.

Para Eliane, a escola ensina a criança negra a silenciar, o que chama de “aprendizado de silêncio”, na medida em que se omite nos conflitos entre as crianças. Assim, a escola através dos professores das crianças pequenas que se negam promover a atitude de manifestações de respeito, reforça os estereótipos e preconceitos.

Portanto, com objetivo de promover ações de políticas afirmativas para a população negra, a Lei 10.639/2003, traz uma proposta de levar a sociedade à reflexão sobre as responsabilidades de educadores e formadores na produção de novas metodologias e práticas pedagógicas buscando uma sociedade livre de preconceito.



METODOLOGIA


Partindo do pressuposto de que o ser humano é um ser social, que se constrói a partir das interações que realiza durante sua vida. E que a escola possui uma enorme responsabilidade na formação dos indivíduos da espécie humana. Sendo esta responsabilidade ainda maior na Educação Infantil, por atingir crianças de zero a seis anos, período onde a criança constrói sua identidade.

Este projeto se desenvolverá com o uso de metodologias que possibilitem uma maior interação entre os alunos, professores – alunos, comunidade escolar – alunos, possibilitando assim o desenvolvimento de atitudes de respeito à diversidade, e desta forma também a construção da identidade destes alunos.

Pensando a partir da responsabilidade da escola na formação do ser humano, é que temos a certeza de como o planejamento é essencial para um bom desenvolvimento das atividades. Para que assim possam-se alcançar os objetivos pensados para Educação Infantil, e para este projeto.

Desta maneira, traremos para a sala materiais que possibilitem a interação: professores – alunos, alunos – alunos. Além de brincadeiras que estimulem o desenvolvimento do respeito, a cooperação e a interação. A literatura infantil terá um importante papel neste projeto, através dela entraremos no universo infantil, falaremos sua linguagem, e teremos um contato mais próximo com as crianças.

Serão utilizados elementos tecnológicos, como a televisão e o DVD, que estão presentes no dia - a - dia das crianças, sempre articulados com os objetivos deste projeto. Também serão utilizados “os amigos”, duas caixas que estarão sempre de mãos dadas, uma representará a figura de uma menina negra, e a outra de um menino branco, elas trarão alguns atividades para os alunos, tornando mágico, divertido e prazeroso o aprendizado.



AVALIAÇÃO

Para avaliação dos alunos utilizaremos neste projeto as recomendações da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e do Referencial Nacional Curricular para Educação Infantil (RCNEI). Segundo a LDB no seu artigo 31, a avaliação far-se-á mediante o acompanhamento e o registro de desenvolvimento do aluno, sem o objetivo de promoção, mesmo para o ensino fundamental.

Na avaliação é um elemento indissociável do processo educativo que possibilita ao educador definir critérios para planejar as atividades e criar situações de aprendizagem. (RCNEI v.1, 1998, p. 58) Durante o estágio de regência a avaliação irá possibilitar alterações no planejamento das atividades e acompanhar o desenvolvimento dos alunos.

Existe varias maneiras de fazer o registro avaliativo, entre elas a gravação de áudio e vídeo, produção das crianças, fotografias etc. Utilizaremos em nosso projeto um relatório individual, que será semanal do desenvolvimento dos alunos. O relatório será elaborado a partir das orientações do RCNEI e dos objetivos deste projeto.

Um comentário:

Rejane Medeiros disse...

Parabéns pelo projeto, bastante significativo para nossa realidade brasileira.
abraços