sexta-feira, 20 de junho de 2008

LER, ESCREVER, CONTAR E REFLETIR: CONSTRUINDO APRENDIZAGENS SIGNIFICATIVAS A PARTIR DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL. ANGÉLICA DOURADO COLPO & DANILO ROCHA

JUSTIFICATIVA

Ao realizar as observações na Escola Luiz Viana Filho, na cidade de Ibititá, podemos perceber que o ensino ainda esta ligado a concepções fragmentária do conhecimento, se concentrando nas disciplinas de português e matemática, contudo essa massificação não vem garantindo o aprendizado dos alunos, o que nos incita a refletir sobre outras formas de pensar o ensino.

Esta reflexão leva-nos a pensar que um ensino baseado na interdisciplinaridade, poderia possibilitar aos alunos o acesso aos saberes que lhes vem sendo negado, visto que há uma supervalorização do ensino da língua portuguesa e da matemática, e da desvalorização da geografia, ciências e história. Pensar o ensino numa perspectiva interdisciplinar possibilita a (re)ligação dos conhecimentos e a construção do pensamento complexo, fomentando o desenvolvimento de aprendizagens significativas.

Desta forma, o presente projeto parte do princípio que os conteúdos de português e matemática podem ser trabalho junto com os conteúdos das disciplinas de geografia, ciências e história, de uma forma interdisciplinar. Escolhemos então como tema articulador desta interdisciplinaridade a Educação Ambiental (EA), que é entendida neste projeto não apenas como uma via para preservação do meio-natural, mas uma forma de educar para a cidadania plena.


OBJETIVO GERAL

• Possibilitar a construção de aprendizagens significativas a partir da temática Educação Ambiental como elo para a construção de uma cidadania plena em que o respeito às relações ambientais sejam enfatizados.

OJETIVOS ESPECIFICOS

CONCEITUAIS

• Compreender a problemática do lixo.
• Construir a idéia de consumo consciente.
• Compreender o que é paisagem.
• Construir a idéia de seqüência numérica.
• Compreender a importância do ambiente.
• Compreender a importância do consumo consciente e da preservação da água.

PROCEDIMENTAIS

• Ler imagens em movimento.
• Produzir texto escrito.
• Discutir sobre a importância do consumo consciente
• Produzir lixeiras de material reciclado
• Dialogar com os colegas sobre os assuntos.
• Ler e escrever uma carta.
• Trabalhar em grupo.
• Desenhar a paisagem do local onde moram.
• Expressar- se sobre o conteúdo.
• Discutir sobre a importância e as formas de utilização da água.
• Trabalhar em grupo.
• Ler e discutir os Direitos da água.
• Pesquisar como era o fornecimento de água em Ibititá antes de eles nascerem.
• Realizar operações matemáticas: adição e subtração.
• Analisar o consumo de água de suas casas
• Produzir reescrita da musica “Planeta água” de Guilherme Arantes.
• Produzir e realizar campanha sobre a importância de preservação e do consumo consciente da água.

ATITUDINAIS

• Respeita o ambiente (meio-humano e meio-natural) como forma de preserva a sobrevivência da espécie humana.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Sabemos que a produção do conhecimento acontece principalmente pela capacidade de contextualizar e englobar (MORIN, 2006) que sugere outra organização de conhecimentos de modo a superar a abordagem linear e fragmentada dos conteúdos.

Nesta perspectiva, o ensino deveria ser interdisciplinar favorecendo aprendizagens significativas, que ocorrem quando material potencialmente significativo é incorporado a uma estrutura cognitiva, de forma substantiva e não arbitraria. (AUSUBEL, apud NETO, s.d.) Segundo a teoria ausubeliana a psicologia educacional deveria se reduzir a um único principio: o que a nova aprendizagem deveria deve ser relacionada com que o aluno já conhece. (NETO, s.d) Em outras palavras: o ensino deve encontrar ressonância na estrutura cognitiva do aluno. Tomando a teoria sócio-construtivista como norte diríamos que o professor precisa trabalhar na zona de desenvolvimento proximal do aluno.

Contudo para que haja a aprendizagem significativa são necessárias duas condições: a primeira é que o aluno precisa ter uma disposição para aprender: se o indivíduo quiser memorizar o conteúdo arbitrariamente e literalmente, então a aprendizagem será mecânica Em segundo, o conteúdo escolar a ser aprendido tem que ser potencialmente significativo, ou seja, ele tem que ter lógica e ser psicologicamente significativo: o significado lógico depende somente da natureza do conteúdo, e o significado psicológico é uma experiência que cada indivíduo tem. Cada aprendiz faz uma filtragem dos conteúdos que têm significado ou não para si próprio. (Pelizzari, s.d.)

Nesta perspectiva de construir aprendizagens significativas, é que traremos a Educação Ambiental (EA), que faz do ambiente e dos problemas sócio-ambientais base para o processo educativo, entendendo ambiente como sendo o conjunto de inter-relações dos seres humanos entre si (meio social) e destes com a natureza não humana (meio natural) “num contexto espácio-temporal mediado por saberes locais, tradicionais e científicos” (CARNEIRO, 2006)

Alexandre Pedrini (1998) diz que a EA teria que ser um processo permanente porque a sociedade evolui rapidamente e se faz necessário que se adapte e reflita sobre esse processo e suas conseqüências sócio-ambientais, global e interdisciplinar porque os problemas ambientais não têm fronteiras geográficas, as fronteiras nacionais não impedem a poluição atmosférica, poluição fluvial ou marítima, destruição de florestas, etc. e nem de áreas do conhecimento. A interdisciplinaridade é à base da EA, sendo articuladora integradora de diferentes disciplinas e saberes sociais (locais, tradicionais e populares), constituindo meio para construção partilhada do conhecimento, e comportando a desconstrução do pensamento disciplinar.

A EA é um processo de humanização, que ocorre no meio humano com a finalidade especifica de torna os indivíduos participantes do processo civilizatório e responsáveis por levá-lo adiante. Assim, educar ambientalmente significa ao mesmo tempo preparar as crianças e os jovens para se elevarem ao nível da civilização atual - da sua riqueza e dos seus problemas - para ai atuarem.

METODOLOGIA

Segundo Leff (2001) o que norteia metodologicamente a pratica voltada para a EA, é o paradigma da complexidade, este implica na revolução do pensamento e das praticas educativas, que não se relacionam apenas ao aprendizado de fatos novos, mas também com a desconstrução de princípios epistemológicos da ciência moderna, envolvendo a construção de novos saberes e de uma nova racionalidade, que permitam às atuais e futuras gerações novas maneiras de se relacionar com o mundo.

Por conseqüência, a abordagem de conteúdos deverá voltar-se mais a um foco multicausal dos problemas sócio-ambientais e à busca de soluções alternativas do que a diagnósticos e análise de efeitos presentes; para tanto, impõe-se partir de situações locais e regionais para as questões globais, tanto em nível nacional quanto internacional. E as reflexões sócio-ambientais serão articuladas pelas práticas educativas, mediante as dinâmicas da interdisciplinaridade numa convergência dialógica entre as diferentes áreas de conhecimentos científicos e saberes sociais (tradicionais, populares).

Estaremos lançando mão de pesquisas, trabalho em individual e grupo, leitura de textos, imagens e vídeos, produção textual e de desenhos, etc.. Tendo como objetivo possibilitar a construção de aprendizagens significativas.

DESENVOLVIMENTO

1º, 2º e 3º Dia

Objetivos
• Compreender a problemática do lixo.
• Construir a idéia de consumo consciente.
• Ler imagens em movimento.
• Produzir texto escrito.
• Discutir sobre a importância do consumo consciente.
• Produzir lixeiras de material reciclado.

 Leitura do texto: as primeiras cidades, os primeiros lixos.
 Produção sobre onde é armazenado o lixo em casa.
 Caça palavras.
 Jogo “Preservando o ambiente”.
 Para Casa: entrevistando seus pais.
 Retomando o Para Casa: construindo o quadro resposta.
 Vídeo: ta limpo!
 Produção de lixeiras com materiais reciclados.

4º e 5º Dia

Objetivos
• Compreender o que é paisagem.
• Dialogar com os colegas sobre os assuntos.
• Ler e escrever uma carta.
• Construir a idéia de seqüência numérica.
• Trabalhar em grupo.
• Desenhar a paisagem do local onde moram.
• Expressar- se sobre o conteúdo.
• Compreender a importância do ambiente.

 Dialogar sobre o lugar onde os alunos moram.
 Desenhar o local onde moram.
 Passeio no bairro: observando a paisagem e os números das casas.
 Discutir sobre a paisagem do bairro.
 Explicar o que são elementos naturais, construídos e modificados pelas pessoas.
 Escrever um texto relatando a paisagem que viram.
 Construção de uma tabela numérica com a numeração das casas.
 Trabalhar com seqüência numérica.
 Jogo da Paisagem.




6º, 7º, 8º, 9º Dia

Objetivos

• Discutir sobre a importância e as formas de utilização da água.
• Trabalhar em grupo.
• Ler e discutir os Direitos da água.
• Pesquisar como era o fornecimento de água em Ibititá antes de eles nascerem.
• Realizar operações matemáticas: adição e subtração.
• Analisar o consumo de água de suas casas
• Produzir reescrita da musica “Planeta água” de Guilherme Arantes.
• Compreender a importância do consumo consciente e da preservação da água.
• Produzir e realizar campanha sobre a importância de preservação e do consumo consciente da água.

 Discutir as forma de utilização da água.
 Em busca dos direitos da água.
 Leitura e discussão dos direitos da água.
 Discutir como a água chega à casa dos alunos.
 Conhecendo a história do fornecimento de água em Ibititá.
 Essa água é grátis? Quanto pagamos por ela?
 Para Casa: calcular o consumo de água e de luz de suas casas.
 Analisando o consumo.
 Leitura e reescrita da musica “Planeta água” de Guilherme Arantes.
 Onde esta a palavra?
 Produção sobre a importância da preservação da água.
 Produzir e realizar campanha sobre o consumo consciente e a importância da preservação da água.





10º Dia

Objetivos

• Avaliar de maneira lúdica o nível de compreensão dos assuntos por parte dos alunos;
• Retomar os assuntos trabalhados durante o estágio;
• Brincar;
• Trabalhar em grupo;

 Jogo “Passa ou Repassa”


AVALIÇÃO

Tradicionalmente, avaliar tem se confundido com a possibilidade de medir a quantidade de conhecimentos adquiridos pelos alunos, considerando o que foi ensinado pelo professor. Essa avaliação, através das classificações que promove, define o lugar de cada aluno, atuando no sentido de isolá-lo dos demais pela constante negação dos sujeitos que a busca da homogeneidade impõe. Segundo Esteban (s.d.) o isolamento dificulta que a heterogeneidade enriqueça o processo e que cada um atue para saber mais, ampliando suas possibilidades individuais, sem deixar de investir nas possibilidades de ampliação dos conhecimentos de todo o grupo.
Esta perspectiva de avaliação reduz a dinâmica do processo ensino/aprendizagem e esvazia a riqueza que se anuncia com a explicitação da diversidade. Muito mais interessante é redefinir o sentido da avaliação, para que ela seja parte da prática pedagógica, inserida no movimento proposto pelo projeto, e possa dialogar com a diferença que tece a dinâmica escolar, fazendo da diversidade um elemento significativo para o processo de ampliação dos conhecimentos de todos. Como evidencia o conceito de zona de desenvolvimento proximal, a interação entre sujeitos com conhecimentos diferentes potencializa a aprendizagem e o desenvolvimento. A diferença nos ajuda a compreender que somos sujeitos com particularidades, com experiências próprias, constituídas nos processos coletivos de que participamos dentro e fora da escola; posta em diálogo, enriquece a ação pedagógica.
A avaliação neste projeto tem um horizonte móvel, indefinido, pois não trabalha a partir de uma única resposta esperada, mas indaga as muitas respostas encontradas, os diferentes caminhos percorridos, os múltiplos conhecimentos anunciados, com o sentido de ampliação permanente dos conhecimentos existentes. Assim, o aluno pode ir se sentindo livre para dar a sua resposta, mesmo que diferente da resposta padronizada, porque sua resposta será admitida como conhecimento e, como tal, será considerada em processo de construção.


RECURSOS
Os recursos utilizados no desenvolvimento das atividades serão: televisão, DVD, filmes, material para reciclagem, textos, imagem e músicas. A utilização desses materiais auxiliará no processo de compreensão dos conteúdos, contribuindo para o desenvolvimento das aprendizagens.


CROMOGRAMA

DATA
Observação 11 a 18 de Março
Relatório de Observação 03 de Abril a 28 de Março
Elaboração do Projeto 11 a 28 de Março
Execução do Projeto 12 a 26 de Maio
Avaliação do Projeto Durante todo o estágio
Avaliação do Estágio Março a Junho


REFERÊNCIA

CARNEIRO, Sônia Maria Marchiorato. Fundamentos epistemo-metodológicos da educação ambiental. Educ. rev., Curitiba, n. 27, 2006.
Disponível em: . Acesso em: 26/04/2008.


ESTEBAN, Maria Teresa. Práticas Avaliativas na Pedagogia de Projetos. IN: SILVA, Janssen Felipe. Avaliação e Aprendizagem Significativas.
Disponível em: < http://www.tvebrasil.com.br/salto/boletins2002/aas/aas0.htm > Acessado em: 25/04/2008

LEFF, E. Epistemologia ambiental. Tradução: S. Valenzuela. São Paulo: Cortez,
2001.

PEDRINI, Alexandre de Gusmão (org.). Educação Ambiental: reflexões e práticas contemporâneas. 2 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998.


MORIN, Edgar. A cabeça bem feita: repensar e reforma, reformar o pensamento. Rio de
Janeiro, RJ: Bertrand, 2006.

NETO, José Augusto da Silva Pontes. Teoria da Aprendizagem Significativa de David Ausubel: perguntas e respostas.
Disponível em: < http://www.ucdb.br/serieestudos/publicacoes/ed21/08_Jose_Augusto.pdf >
Acessado em: 13/04/2008.

PELIZZARI, Adriana. Teoria da Aprendizagem Significativa Segundo Ausubel.
Disponível em: < http://www.bomjesus.br/publicacoes/pdf/revista_PEC/teoria_da_aprendizagem.pdf >
Acessado em: 13/04/2008.

PEDRINI, Alexandre de Gusmão (org.). Educação Ambiental: reflexões e práticas contemporâneas. 2 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998.

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