sexta-feira, 20 de junho de 2008

PRÁXIS PEDAGOGICA: UM PROCESSO CONSTRUIDO ATRAVÁS DO DIÁLOGO ENTRE TEORIA E PRÁTICA. ANGÉLICA DOURADO COLPO & DANILO ROCHA

APRESENTAÇÃO

O desenvolvimento de uma proposta de estágio é resultado de um processo de observação e análise da realidade em que se pretende interferir. Ao observar a turma onde estagiamos, encontramos um ensino descontextualizado, e que não partia das necessidades ou dos questionamentos dos alunos.

Foi a partir desta realidade que propusemos construir nossa práxis pedagógica, o mais próxima das necessidades dos alunos, e orientando-a para que os alunos pudessem desenvolver aprendizagens significativas. Para que isto pudesse acontecer trouxemos com eixo orientador de nosso estágio a Educação Ambiental (EA), vendo-a como via que possibilitaria trazer as realidades dos alunos para dentro da sala de aula, e para o centro do planejamento de nossa prática.

Faremos neste relatório uma análise de nossa prática durante o estágio. Desta forma pretendemos compartilhar com os leitores deste relatório as experiências mais significativas que ocorreram no transcurso de desenvolvimento do nosso estágio.

REGISTROS DAS AULAS

12 de maio de 2008

No primeiro dia de aula, fomos surpreendidos com o envolvimento dos alunos. Quando começamos levantar os conhecimentos prévios dos alunos ficamos surpresos com a coerência das respostas.

Ao iniciarmos a leitura, fizemos intervenções para melhor compreensão e interpretação do texto, com a participação dos alunos. Ao retornar ao quadro de respostas, analisamos o texto e comparamos com as respostas dos alunos, fazendo um paralelo entre os dois (texto e resposta) e comparando com a problemática atual da destruição do meio ambiente e o armazenamento de lixo, etc.

Mas, o que nos deixou muito satisfeitos foi à maneira como receberam a atividade de produção textual. Os alunos esperavam que pedíssemos para fazer uma cópia do texto, porém pedimos que fizessem uma produção textual. A partir disto os alunos começaram a nos questionar e a também a se questionar:

- Você não vai mandar agente copia no caderno?
- E eu vou escrever como?
- Você quer que agente pense? Não é!
- É isto? Quer que eu escreva do jeito que sei?

Dessa maneira eles começaram a quebrar a barreira da cópia e partiram para produção. Foi perceptível a dificuldade que alguns alunos tiveram em produzir um texto, apenas dois alunos (Videval e Luana) não conseguiram produzir. Porém, a aluna Luana escreveu várias letras, em seguida pedi que fizesse a leitura, e ela disse o que pensava estar escrito em suas enumeras letras. Quando partimos para socialização, percebemos a satisfação dos alunos em ler suas produções.

Assim, foi nosso primeiro dia de estágio, percebemos que este foi cheio de surpresas e bastante produtivo. Esperamos que os próximos continuem desta forma, com um bom envolvimento dos aluno nas atividades, discutindo, produzindo textos, para que possamos continuar motivados para realizarmos um ótimo trabalho e conseguir desenvolver atividades que resultem em aprendizagens significativas.

20 de maio de 2008

No primeiro momento da aula, fizemos o levantamento dos conhecimentos prévios e dialogamos com os alunos sobre a problemática ambiental da água. Durante este dialogo, houve muitos questionamentos dos alunos, teve uma dúvida do aluno Rafael que instigou a sala inteira, dado um novo direcionamento a aula; ele perguntou:

- O que tem mais no planeta água ou terra?

Para tentar levar os alunos a uma reflexão e compreensão, dialogamos sobre esta situação problema gerada a partir da dúvida do(s) aluno(s), utilizando o globo terrestre da escola, o que os deixou curiosos para saber o que era aquele o objeto:

- O que esta bola colorida?

Nosso ponto de partida foi perguntar se conheciam aquele objeto, até chegarmos à conclusão do que era globo terrestre; depois pedimos para que identificassem a água e a terra; retornamos a pergunta; - o que tem mais no planeta água ou terra?

Assim contextualizamos a dúvida do colega, ao perceber a quantidade de água. Curiosos como são, surgiu outra pergunta: - por que a água iria acabar? Retornamos a pergunta para o grupo, teve várias respostas: - porque o povo joga água fora, lava carro, calçada... Daí perguntamos a eles: como se chama tudo isso que vocês nos falaram? “desperdício de água”.

Fizemos um convite para fazermos a leitura do texto “Declaração dos direitos da água”. Interpretamos, dialogamos e fizemos outro convite, a dinâmica do caça ao tesouro, que trouxe um entusiasmo e espírito de equipe para os alunos. De todas as atividades que proporcionamos até o momento, penso que foi a que desenvolveram com mais envolvimento e com o real espírito de equipe, pois todos os alunos participaram de todas as etapas das atividades. Principalmente, depois do momento da montagem do texto, onde os alunos interpretaram e apresentaram o mesmo, estes foram os argumentos dos grupos para justificar a preservação e os cuidados com a água:

Grupo 1: - O cuidado que tem que ter com a água para ficar sempre limpa.
Grupo 2: - A água pode acabar e que precisa se tratada.
Grupo 3: - Não pode desperdiçar a água e não pode jogar lixo no esgoto, que as pessoas não consegue viver sem a água.
Grupo 4: - A água faz parte do planeta, e se secar morre de sede e fome, é um patrimônio do planeta.

No segundo momento, propulsemos a produção de um texto de “como chega à água na sua casa”? Fizemos a socialização para fechar este dia inesquecível.

ANÁLISE

A prática do estágio supervisionado que vivenciamos, demonstra a importância de todo um processo de formação. Pois, ao nos depararmos com a realidade da sala de aula, tivemos uma fundamentação concreta das reflexões teórico-metodológicas construídas durante o curso de pedagogia.

Neste aspecto o estágio nos favoreceu para superar obstáculos, construídos a partir do distanciamento entre a teoria e a prática pedagógica, que foi formado por não termos vivenciado até então a prática enquanto professores no ensino fundamental. No entanto, esta insegurança foi transformada na ampliação do fazer pedagógico, através da reflexão sobre e na ação profissional desenvolvidas no espaço escolar.

Esta passagem pelo ensino fundamental nos proporcionou compreender o “saber sobre” e o “saber como” educar, transformado em um aprendizado teórico e prático que fomentou a nossa formação. Entendendo que estes dois elementos teoria-prática que vivenciamos durante o estágio são indissociáveis.

Desta forma, sabemos que a escola é uma grande rede de interações sociais. E para que essa rede funcionasse como instrumento de aprendizagem, foi importante que houvesse uma boa relação entre os envolvidos neste processo: direção, regente, estagiários e alunos. Sabendo de tal importância e com total apoio da escola, traçamos o projeto com metodologias simples que possibilitasse a construção de aprendizagens significativas.

A análise de nossa prática era permanente, a reflexão sobre a ação era posta a todo o momento, desta forma, redimensionamos alguns pontos do projeto, e do planejamento diário, a flexibilidade fazia parte deste contexto, pois possibilitava construir estratégias que resolvessem os problemas tanto de ordem individual quanto coletiva.




CONSIDERAÇÕES FINAIS

Angélica Dourado Colpo

“Refletir sobre este processo de ensino-aprendizagem é pensar em propostas e alternativas pedagógicas que estabeleça uma consonância com as novas demandas educacionais. Para esta realidade, era trazer uma proposta contextualizada e interdisciplinar de conhecimentos para favorecer aprendizagens significativas.

Lançamos esta proposta, e parecia que tivesse descobrindo o grande tesouro. Feliz daquele professor que se fomentar nas teorias de Morin que fala da capacidade de contextualizar e englobar o conhecimento, Ausubel que traz a perceptiva do material potencialmente significativo, dentre outros teóricos que traz outras contribuições teóricas metodológicas para fomentar a prática do professor.

Partindo do estágio tanto da educação infantil quanto o ensino fundamental, vejo a importância enquanto graduando de interferir na realidade, como sujeito autônomo que não apenas reproduz o que vivenciamos na graduação, mas que, através de estudos, leituras, da criatividade, reconstroem sua vida e transforma sua realidade. Assumindo um importante papel na transformação da sociedade.

Portanto, neste emaranhando de palavras, de sentimentos, percebo a importância de todos aqueles co-autores que mim ajudaram na construção do novo significado que propiciou o prazer da descoberta, do conhecer, o ensino fundamental.”






Danilo Pereira da Rocha

“Ninguém poder construir em teu lugar as pontes que precisaras passar, para atravessar o rio da vida – ninguém, exceto tu, só tu”
Nietzsche

“Esta frase de Nietzsche me guia desde o primeiro estágio, por que encontro nela uma verdade que, para mim, é incontestável, a verdade de que somente eu posso construir os conhecimentos necessários para que possa estabelecer a minha identidade enquanto profissional da educação.

As pontes construídas neste estágio, ainda mais que no anterior, foram fundadas sobre uma base teórica muito resistente, que possibilitou uma práxis incessante e coerente. O meu aprendizado neste estágio me leva a refletir sobre o maior papel da educação escolar: tornar todos os indivíduos aptos a exercer a cidadania plena; acredito que a escola só alcançara esta meta quando compreender o conhecimento como algo em processo de construção, e construir o ensino com base no que é mais significativo para o aluno.

A vida não termina com o fim do estágio, pelo contrario só se renova, por isso o processo de construção de pontes será eterno, serão diversos os rios que terei que cruzar, seus cursos mudam a cada segundo, como muda os rumos de minha vida, mas o que serei depende do que fui, do que construí, por isso este estágio, estas pontes são importante por que me guiaram para meu futuro.”


REFERÊNCIA

CARNEIRO, Sônia Maria Marchiorato. Fundamentos epistemo-metodológicos da educação ambiental. Educ. rev., Curitiba, n. 27, 2006.
Disponível em: . Acesso em: 26/04/2008.


ESTEBAN, Maria Teresa. Práticas Avaliativas na Pedagogia de Projetos. IN: SILVA, Janssen Felipe. Avaliação e Aprendizagem Significativas.
Disponível em: < http://www.tvebrasil.com.br/salto/boletins2002/aas/aas0.htm > Acessado em: 25/04/2008

LEFF, E. Epistemologia ambiental. Tradução: S. Valenzuela. São Paulo: Cortez,
2001.

PEDRINI, Alexandre de Gusmão (org.). Educação Ambiental: reflexões e práticas contemporâneas. 2 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998.


MORIN, Edgar. A cabeça bem feita: repensar e reforma, reformar o pensamento. Rio de
Janeiro, RJ: Bertrand, 2006.

NETO, José Augusto da Silva Pontes. Teoria da Aprendizagem Significativa de David Ausubel: perguntas e respostas.
Disponível em: < http://www.ucdb.br/serieestudos/publicacoes/ed21/08_Jose_Augusto.pdf >
Acessado em: 13/04/2008.

PELIZZARI, Adriana. Teoria da Aprendizagem Significativa Segundo Ausubel.
Disponível em: < http://www.bomjesus.br/publicacoes/pdf/revista_PEC/teoria_da_aprendizagem.pdf >
Acessado em: 13/04/2008.

PEDRINI, Alexandre de Gusmão (org.). Educação Ambiental: reflexões e práticas contemporâneas. 2 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998.

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