quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Politica e cidadania: diferenças e sentidos (Angelica Colpo, Danilo Rocha & Iara Barreto)

Apresentação

Nossa ação política está presente em todos os momentos da vida, seja nos aspecto privado ou público. Vivemos com a família, relacionamos com as pessoas no bairro, na escola, somos partes integrantes da cidade, pertencemos a um Estado e País.

Assim, influímos em tudo o que acontece em nossa volta. Podemos jogar lixo nas ruas ou não, podemos participar da associação do nosso bairro ou fazer parte de uma pastoral ou trabalhar como voluntário em uma causa em que acreditamos. Podemos votar em um político corrupto ou votar num bom político, precisamos conhecer melhor propostas, discursos e ações dos políticos que nos representam.

Deste modo, percebemos que a sociedade contemporânea tem passado por um período de inovação política (tanto partidária quanto social) marcado por discussões e transição ideológicas. Diante dessa afirmação, observamos que há um choque de idéias e conceitos diante dos termos política e cidadania para a sociedade, principalmente pelo uso equivocado de suas expressões.

Nesta perspectiva, compreendemos que é através das nossas atitudes e omissões, que fazem parte de nossa ação política perante a vida. Somos responsáveis politicamente (no sentido grego da palavra) pela luta por justiça social e uma sociedade verdadeiramente democrática e para todos. Desta forma, surgiu a necessidade de uma discussão aprimorada sobre termos e sua utilização no vocábulo dos cidadãos do município de Ibititá, localizado no estado da Bahia.

O termo cidadania, enquanto expressão política do momento irá nortear grande parte das discussões a serem feitas durante todo o período da realização do estágio. Pois, acreditamos ser de extrema importância à execução desse projeto, principalmente, pelo período eleitoral ao qual o então município vem passando; culminando então todas as discussões em uma entrevista e debate entre os candidatos a prefeitura municipal, o que reafirma e explicita ainda mais fortemente, o objetivo deste projeto.


Objetivo Geral

Fomentar a discussão sobre a importância da conscientização política para o exercício da cidadania.

Objetivo Específicos

*Discutir os conceitos de política, cidadania e suas relações.
*Promover debate político ente os candidatos à Prefeitura Municipal de Ibititá.
*Promover entrevista com os candidatos à Prefeitura Municipal de Ibititá.


Fundamentação Teórica

O sentido da política é a liberdade. A idéia de política e de coisa pública surge pela primeira vez na polis grega considerada o berço da democracia. O conceito de política nasceu na cidade grega de Atenas e está intimamente ligado à idéia de liberdade, que para o grego é a própria razão de viver.

Na perspectiva de Arendt (apud SILVA, 2008) e os conceitos de política grega nos diz que "A política baseia-se no fato da pluralidade dos homens", portanto, ela deve organizar e regular o convívio dos diferentes e não dos iguais. Para os antigos gregos não havia distinção entre política e liberdade e as duas estavam associadas à capacidade do homem de agir, de agir em público que era o local original do político. O homem moderno não consegue pensar desta maneira pelas desilusões em relação ao político profissional e a atuação desses no poder.
Na tradição ocidental, exatamente com a tradição a chinesa, ligava a política tanto a ciência como a atividade política, a ética, a política em termos claros, de certo e errado, justo e injusto, correto e incorreto. Aristóteles define a política como extensão da ética. Os termos morais usados para avaliar as ações humanas eram termos empregues para avaliar as ações políticas.

Maquiavel (apud AMARAL, 2003) foi o primeiro a discutir a política e os fenômenos sociais nos seus próprios termos sem recurso à ética ou a jurisprudência. De fato pode-se considerar Maquiavel como o primeiro pensador ocidental de destaque a aplicar o método cientifico de Aristóteles a política. Assim, para Maquiavel, a política era a única coisa a conquistar e manter o poder ou a autoridade. Todo o resto – a religião, a moral, etc. – que era associado à política nada tinha a ver com este aspecto fundamental – tirando os casos em que a moral e a religião ajudassem a conquista para a manutenção do poder. A única coisa que verdadeiramente interessava para a conquista e a manutenção do poder, era torna-se calculista; o político bem sucedido sabe o que fazer ou o que dizer em cada situação.

Não é fácil discutir a questão da política nos dias de hoje. Estamos carregados de desconfianças em relação aos homens do poder. Porém, o homem é um ser essencialmente político. Todas as nossas ações são políticas e motivadas por decisões ideológicas. Tudo que fazemos na vida tem conseqüências e somos responsáveis por nossas ações. A omissão, em qualquer aspecto da vida, significa deixar que os outros escolham por nós. (SILVA, 2008).

Contudo, não podemos confundir que política é simplesmente o ato de votar. Estamos fazendo política quando tomamos atitudes em nosso trabalho, quando estamos conversando, quando exigimos nossos direitos de consumidor, etc.

A política está presente quotidianamente em nossas vidas: na luta das mulheres contra uma sociedade machista que discrimina e age com violência; na luta dos portadores de necessidade especiais para pertencerem de fato à sociedade; na luta dos negros discriminados; dos homossexuais igualmente discriminados e desrespeitados; enfim, na luta de todas as minorias por uma sociedade inclusiva que se somarmos constituem a maioria da população. Assim, estaremos exercendo o direito de cidadão.

No entanto, a história da cidadania confunde-se em muito com a história das lutas pelos direitos humanos. A cidadania esteve e está em permanente construção; é um referencial de conquista da humanidade, através daqueles que sempre lutam por mais direitos, maior liberdade, melhores garantias individuais e coletivas, e não se conformam frente às dominações arrogantes, seja do próprio Estado, de outras instituições ou pessoas que não desistem de privilégios, de opressão e de injustiças contra uma maioria desassistida e que não se consegue fazer ouvir, exatamente porque se lhe nega a cidadania plena cuja conquista, ainda que tardia, não será dificultada. (TOURAINE, 2008).

Ser cidadão é ter consciência de que é sujeito de direitos. Direitos à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade, enfim, direitos civis, políticos e sociais. Mas este é um dos lados da moeda. Cidadania pressupõe também deveres. O cidadão tem de ser consciente das suas responsabilidades enquanto parte integrante de um grande e complexo organismo que é a coletividade, a nação, o Estado, para cujo bom funcionamento todos têm de dar sua parcela de contribuição. Somente assim se chega ao objetivo final, coletivo: a justiça em seu sentido mais amplo, ou seja, o bem comum.

Mas, a noção de política está apoiada num vocábulo grego, polis (cidade), e cidadania se baseia em um vocábulo latino correspondente, civitatem. Embora a origem etimológica seja diferente, os dois termos propõem que se pense na ação da vida em sociedade (ou seja, em cidade). Isso significa que não é possível separar os conceitos.

Hoje, encontramos uma série de discursos, lemas, planos pedagógicos e governamentais que falam em cidadania como se ela fosse uma dimensão superior à política. Muito se diz que a tarefa da escola é a promoção da cidadania, sem interferência da política. Não se menciona o conceito de política, como se ele fosse estranho ao trabalho educacional; com isso, pretende-se dar à cidadania um ar de idéia nobre, honesta, de valor positivo. Sob essa ótica, política é sinônimo de sujeira, patifaria, corrupção. “Claro que não é assim”.

Ambas as palavras e ações se identificam. Porém, temos rejeição ao conceito política, como se ele pertencesse a uma área menos significativa e menos decente que a cidadania. Não se deve temer a identidade dos conceitos, pois só assim é possível construir cidadania, no sentido político do termo: bem comum, igualdade social e dignidade coletiva.

Portanto, torna-se necessário debater a política e isso é debater a cidadania. Falar em política envolve também os partidos, mas não se esgota neles. É toda e qualquer ação em sociedade, portanto, toda e qualquer ação em família, em instituições religiosas e sociais, no mundo das relações de trabalho, sendo que é na política que a cidadania se reinventa.


Metodologia

Público Alvo –
Conselho das Associações Comunitárias de Ibititá - CACI.
Associação Rural dos Agricultores do Povoado de Mata Verde.
Associação Comunitária Jovens Unidos em Cristo da Rua do Gino.
Associação Rural das Mulheres de Caldeirão da Pedra.

1ª Fase:
Data - 22/08/2008
Apresentação do Projeto “Política e Cidadania: Sentidos e Diferenças aos Candidatos a Prefeito.
- Serão apresentados os conceitos de política e cidadania para justificar nossa proposta.
- Apresentar o regulamento da entrevista e debate.
Data – 25/08/2008
Reformulação da Proposta: devido a não aceitação de um dos candidatos a proposta do debate foi retirada, ficando então apenas a proposta da entrevista.
Data – 26/08/2008
Apresentação do Projeto ao Presidente do Conselho das Associações Comunitárias de Ibititá, Sr. Jânio Francisco Xavier.

2ª Fase:
Rádio Comunitária Rochedo FM. 04/09/2008
Conselho das Associações Comunitárias de Ibititá. 05/09/2008.
Associação Rural dos Agricultores do Povoado de Mata Verde. 06/09/2008.
Associação Comunitária Jovens Unidos em Cristo. 08/09/2008
Associação Rural das Mulheres de Caldeirão da Pedra. 09/09/2008.

Matutino:
- Apresentação do Projeto
*Acolhida
*Observações sobre a palestra
-Conversa Inicial
*O que é política? O que é cidadania?
*Qual a diferença entre política e ciadadania?
*Qual a relação da política com a cidadania?
*Qual o momento que estamos agindo como cidadãos?
-Apresentar os conceitos de política e cidadania e suas relações.
-Construir um quadro comparativo sobre os conceitos – política e cidadania.
Vespertino:
-Retomar os conceitos apresentados no turno anterior.
-Levantar a hipótese de fazer entrevista.
-Construir perguntas para a entrevista.
-Apresentar o regulamento da entrevista.
-Avaliação dos momentos trabalhados.

Obs: Esta fase de nosso trabalho será levada para o espaço da rádio comunitária desta cidade, para a sociedade civil contribuir com a elaboração das perguntas deste trabalho.

3ªFase:
Data – 10/09/2008.

Noturno:
-Culminância do Projeto:
*Entrevista com o candidato que agendou.


Avaliação

A avaliação neste projeto é pensada na perspectiva do diálogo e da análise. A análise será feita a cada instante da realização do estágio, sempre retomando o objetivo geral do projeto. Desta forma, análise das atitudes e dos conhecimentos trazidos pelos participantes, e produzidos a partir do estágio, serviram como principal meio de avaliação do projeto.

O diálogo com os participantes será também de grande importância na avaliação, pois neste momento, saberemos como eles avaliam nossas atividades, nosso desempenho e o próprio conhecimento produzido. A avaliação em um projeto que de trata de política e cidadania, não pode ocorre de outra forma que não seja através de atitudes e do dialogo.


Referências

AMARAL, Manoel. A teoria política no mundo moderno. Veja, São Paulo, n. 42, p. 162. outubro, 2003.

BARBOSA, Bia. Falta de informação limita participação popular. Cidadania na Internet. Rio de Janeiro, agosto 2008. Disponível em: http://www.cidadania.org.br/conteudo.asp. Acesso em 18.08.2008.

SANTOS. Vitor. Política é cidadania. Folha Universal, São Paulo. ed. 774 p.18. setembro, 2004.

SILVA. Marina. O improvável e o imprevisível. Folha de São Paulo. São Paulo. julho, 2008.

STRATHERN, Paul. Maquiavel em 90 minutos.JZE. Rio de Janeiro. 2000.

TOURAINE, Alain. Crítica da Modernidade. O que é democracia?. 6.ed. São Paulo: Vozes, 2000.

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